quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Pelas maçãs do rosto



Escorria. Na dor, escorria. Percorria seu caminho, dançava em seu rosto, marcava sutilmente sua pele.

Escorria. Porque na dor, era sua alternativa: escorrer. Em sua confusão e divergência, era sua fuga: escorrer.

E escorria. Na dor, escorria, jorrava, vazava. É que transbordava. Era na presença do cheio do vazio que transbordava e escorria.

Escorria. E se derramava. Era o sangue de sua verdade ferida, era o ardor de sua doença disfarçada, era a falta de clareza no excesso desta, enquanto seus olhos abertos enxergavam e olhavam atentamente os cantos empoeirados não ocultos pelos tecidos esvoaçantes da alma.

Escorria. Expressava em seu rosto avermelhado características de sua alma perdida, ferida, partida, mordida, e se ardia. E então escorria.

E nesse perder-se ao encontrar-se, não se via ao se ver. Ardia, doía, a ferida, a doença, esta dor neste ser nesta vida neste cheio deste vazio. E nas peculiaridades de seus equívocos extravagantes, escorria.