Como
um susto, des-cubro. Debaixo, há o não-saber. Assustada, não sustento a
verdade: desconheço o limite que evita a fusão. Tento que seja meu o que me
sustém, e não é. Tento conhecer o que não é meu. O teu é?
Nunca sei.
Por isso o susto.
Por isso assusto.
O
meu desconhecimento escurece a visão e não me deixo ver. Ou vejo...
PERCEVEJO.
Fincá-lo na pele não confirma suas raízes, mas fere, tatua, sangra na marca que
deixa. Se percebo o percevejo, finjo que não vejo. Deixo e me esqueço - não
dele; de mim.
Cubro-me.
Debaixo,
há o desconfiado que não se pronunciou. O desconfiado em silêncio, o
desconfiado em muda-nça. Sustento-me se percebo o manto que me envolve e crio
minhas ilusões de segurança, embora seja aqui o único lugar. Coberta, calo as
descobertas, mas grito alívios.
POR
SI VEJO, há em mim uma terceira pessoa que pede seus devidos pronomes. E se
vejo, si vejo cítrica. E se não vejo, agridoce. No paladar, descubro o sabor
para me dar. Desvendo-me ao deixar de não me ver.
Estou
entre coberta e descobertas. Estou entre deixar de ver e desvendar-me. Entre o
percevejo cravado e o por si vejo despertado. Entre o mudo e a dança. Eu lhes
asseguro: não estou segura. O limiar é casa de ninguém; e o limite entre ser e
te conhecer, perco-o no instante deste limiar. E aí, ou peixe... ou
caranguejo-me.