quarta-feira, 6 de abril de 2011

Alusão à ilusão


A mentira que evito é a mesma que me alimenta. Não aprendi a conciliar valores ao desejo de ser feliz. Quero estar feliz. E não, não sou infeliz. Há tempos perdi essa prática - a de sofrer incomensuravelmente. Mas não sinto falta pois ainda sei me encontrar.

Eu quero tanto a verdade no sentimento que, sabendo sua raridade, fico assim sem significar a esperança. Porque não pareço agradar ninguém além de mim mesma. Não sei ser o que agrada - sei apenas ser o que me foge e se desenha fora de mim. E a mentira? A mentira acalenta os medos, angústias, crises. Mentira parece tão bom. Por isso mente-se e mentem-se todos e sempre. Porque mentira é conforto, mentira é o desejo.

Enquanto o falso está aí para nos preencher os olhos com sensações vazias, embora cheias de uma alegria quase real, o verdadeiro dói, faz cair, desilude. Mas é no verdadeiro que tenho real interesse. A mentira acaba, o falso se desfaz, o ilusório é temporário... Quero o verdadeiro em minha realidade para que possa ser desfeito de maneira a ter meu peito carregado de lembranças com verdade. Verdades no peito, eu quero sim.

Estou na fase dos desejos. E vem o desejo de escolher. Da mentira, estou cheia. De fantasias, minha memória está congestiada. Do fácil, eu não tenho provas. Mas quero do simples e complexo o seu máximo. Eu quero a chance de verdadeiro na oportunidade que o falso me oferece. O que eu quero, então, é amor. Que de maior verdade possui sua complexidade e oposição.

Eu quero, então, o amor em sua demonstração. Quero sua dedicação e apoio, sua intensidade e sutileza, suas palavras e aparições. Quero o amor em sua verdade para esquecer a beleza em que o falso se mostra. Porque não sei agradar e perco a esperança. Mas quero um sol pintado em colorido na janela - um sol ilusório que a verdade do amor me fará enxergar.

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