domingo, 5 de outubro de 2008

Dolorosa Espera


Eu poderia ir ao seu encontro agora, se já não fosse tão tarde. E pensando melhor deve ser claramente doloroso conhecer você assim tão jovem como sou. Há tanta vida pela frente e eu sequer sei o que esperar.

Mas sempre que me deparo com os meus próprios reflexos não há nada que represente uma pessoa completa – não é como se eu não precisasse de você, mesmo jovem. Eu também sou jovem para estar assim tão cheia de vazios. Mesmo que isso não pareça fazer sentido, eu estou sentindo mais do deveria. De qualquer forma, não é como se realmente fizesse sentido. De fato não faz.

Eu posso observar através dessa lua tão gigante e minúscula aqui na minha janela, tão bem recortada e colada diante desse papelão azul chamado céu, que nada faz sentido enquanto você procura respostas. Eu não estou desesperada por elas, não desesperada. Mas estou mesmo curiosa. Realmente desejosa.

Não vejo como possibilidade viver sem entender, mesmo que seja assim como eu vivo. Nunca entendi nada, e ainda assim procuro respostas. Em vão, é. Mas eu vou continuar procurando-as, ao menos me ocupo durante a minha busca por você.

Estive tão ansiosa para encontrá-lo. Gostaria que entendesse. Não sou assim tão sozinha quanto pareço, realmente tenho companhia. Porém eu quero a sua, você entenderia? Estou faminta por você. Isso não deveria ser um problema, mas é. Eu posso ver em meus olhos o tamanho deste problema que cresce gradativamente à medida que meu coração se aperta.

Definitivamente eu nunca fui muito observadora. Mas isso é notório. Atravessa-me tão vastamente que eu quase não consigo sentir, pelo exagerado espaço que ocupa. Penetra em cada célula que insiste em trabalhar no meu corpo. E mesmo que eu esteja observando a lua tão claramente, isso não parece me acalmar. Não verdadeiramente.

Ainda que com esse desejo profundo de te ver, conhecer teus olhos e tua forma, saber o que se sente ao te tocar... eu sei que posso esperar. Será realmente difícil, mas eu sou capaz – pelo menos disso.

Eu tenho essa esperança especialmente quando observo a lua – tão descuidadamente quanto somente eu consigo fazer. Mas ela me sorri, então nada mais importa. A lua sorri para mim por saber exatamente o que estou sentindo. E ela, colada ali, presa àquela estampa azulada, conhece em cada detalhe a eternidade. E é dela que nós tratamos agora.

Presa ali, a lua consegue ver tudo o que eu sinto. Consegue sentir comigo cada batida ritmada do meu coração. Pode claramente ler meus pensamentos como se fossem um simples folheto em que se trata de algum assunto banal. Afinal, meus sentimentos são todos banais e é deles que meus pensamentos são feitos.

Parada aqui, observando a lua colada ali, posso te sentir por aí. Tão profundamente, tão inutilmente, sinto você. Sei que posso te esperar. Essa espera não será agradável, mas é precisa.

Então eu olho para a lua e digo a ela, sem necessariamente pronunciar as palavras, que te avise o quanto te espero e a desnecessidade de pressa. É engraçado o poder do destino, e vou deixá-lo ser poderoso sem me tornar impaciente. Serei grata por tudo o que ele me fará, enquanto relato à lua meus banais sentimentos.

Estarei te esperando, até a última brecha de esperança que restar em mim. Mas não se esqueça de vir. A esperança pode ser a última a morrer, mas isso não a torna imortal. Eu estarei esperando e sei que você virá. Talvez falte muito, ou só o suficiente. Mas você virá.

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