sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Imóvel e Intocável



Estou me quebrando lentamente, morrendo lentamente. Você pode me ouvir? Pode ouvir meus pedaços caírem? São apenas meus sentimentos sem sentido. Eles vão se calando cada minuto mais. Estou perdendo completamente os sentidos. Será que isso vai demorar?

Esse que chamam de coração, que quase não vejo, que quase não sinto, invoca algum nome. Muito devagar e quase inaudível. É o teu nome. Não, não o chame. Ele quer ir, deixe-o. Está na hora de acabar-se por si mesma. Deixar que todos os teus pedaços tornem-se lembranças. Deixar que tudo o que você é, ou julga ser, vá embora sem um motivo real. Nada, é o que sinto. Mas não há mais nada a se fazer sobre esse desfazimento de humanidade própria. Desfazimento de princípios e certezas. Sobrou-me apenas a loucura. A loucura para, junto com o meu nada, governar o meu ser. Ou o meu não-ser.

Mudanças... Não estavam previstas.

Espere um pouco. Apenas o suficiente para que eu me acostume com a idéia de acabar com isso. Tudo à minha volta mais me parece um nada. Estou morrendo, e você só me assiste cair aos poucos. Está tudo bem, eu vou esperar para vê-lo novamente.

Desejos que habitam minha mente provam que nada mais faria sentido se senso houvesse. Então eu esqueço das minhas vontades e me preparo para as mudanças. As mudanças ou a morte. Acho que vou optar por não optar. Escolher a não-escolha.

Estou indo por esse caminho aqui, mais leve, ainda que de mesmo peso. Eu vou seguir. E vou morrer, um dia. Mas nada vai me impedir de catar os meus pedaços no chão.

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