Sou este medo do mundo que habito - como se
habitá-lo não me fosse natural -, mas se mergulho no contorno verde de seus
olhos, que me entregam uma esperança que não esperava encontrar, logo esqueço
meus temores para abraçar o encanto do que nos envolve. Parece-me que sou
incapaz de resistir ao que você me desperta.
Eu tomo sustos de existir. Tenho um coração frágil
que se dói todo quando acelera, quando quase para. Constantemente me perco na
falta de habilidade de ser o eu que sou. É que o mundo me assusta, de mundano
que é. Mas aí você aparece e me acorda um sorriso, dorme minhas tristezas,
boceja devagar uns sussurros e me ama de um jeito que nem pra entender, nem pra
explicar. E eu me espreguiçando do mundo, adormeço em você.
De tanto aparecer em meus sonhos, você já se parece
um. Com direito a despertar assustada, sorrindo, devagar, quase dormindo, sem
abrir os olhos, só ouvindo.
É que ao seu lado qualquer medo parece nenhum,
qualquer desafio soa pequeno, qualquer dor finge que nem existe, todos os
traumas recuam depressa e os teus dedos entre os meus tomam o lugar de tudo o
que era significativo.
Nesses nados dessincronizados em seu olhar já muito
me perdi, mas não quero me encontrar em outro lugar. O mundo me assusta.
Deitada em seu peito eu me deparo com o lugar a que pertenço, onde os receios se
dissipam, as alegrias se espalham, pois me percebi num mundo que me é natural,
aconchegante e confortável.
No teu corpo, tenho
um lar; na tua vida, um encontro; no teu mundo, o meu. Em você, amparo.
Um comentário:
Como todos os outros : lindo !
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