segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Amparo

Sou este medo do mundo que habito - como se habitá-lo não me fosse natural -, mas se mergulho no contorno verde de seus olhos, que me entregam uma esperança que não esperava encontrar, logo esqueço meus temores para abraçar o encanto do que nos envolve. Parece-me que sou incapaz de resistir ao que você me desperta.

Eu tomo sustos de existir. Tenho um coração frágil que se dói todo quando acelera, quando quase para. Constantemente me perco na falta de habilidade de ser o eu que sou. É que o mundo me assusta, de mundano que é. Mas aí você aparece e me acorda um sorriso, dorme minhas tristezas, boceja devagar uns sussurros e me ama de um jeito que nem pra entender, nem pra explicar. E eu me espreguiçando do mundo, adormeço em você.

De tanto aparecer em meus sonhos, você já se parece um. Com direito a despertar assustada, sorrindo, devagar, quase dormindo, sem abrir os olhos, só ouvindo.

É que ao seu lado qualquer medo parece nenhum, qualquer desafio soa pequeno, qualquer dor finge que nem existe, todos os traumas recuam depressa e os teus dedos entre os meus tomam o lugar de tudo o que era significativo.

Nesses nados dessincronizados em seu olhar já muito me perdi, mas não quero me encontrar em outro lugar. O mundo me assusta. Deitada em seu peito eu me deparo com o lugar a que pertenço, onde os receios se dissipam, as alegrias se espalham, pois me percebi num mundo que me é natural, aconchegante e confortável.

No teu corpo, tenho um lar; na tua vida, um encontro; no teu mundo, o meu. Em você, amparo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Como todos os outros : lindo !