Os dois estavam abraçados. Era um pequeno banco de praça e já passavam das duas da manhã. Não me pergunte há quanto tempo estavam ali, ou com que freqüência o nariz da garota roçava no pescoço do rapaz. Não me pergunte se eram apaixonados, porque isso você poderá descobrir. Pergunte-me apenas o que eu fazia ali, observando um casal entrelaçado em um banco de praça.
Não, eu não sei. Sei apenas que me atraíram. Era interessante a maneira como o olhar dela brilhava e o dele permanecia tão frio. Imaginei logo que ele estaria pensando
Não era uma daquelas moças cheias de beleza. A beleza dela não estava em seu rosto, nem em seu cabelo. Estava no seu olhar profundo. Ela parecia ser daquelas donzelas ingênuas cheias de carinho e romance dentro de si. Cheia de vida.
O rapaz não se equiparava à garota. Tinha um charme incrível, e mostrava-se muito atraente, de verdade. Poderia ser até uma boa pessoa, mas eu não gostei dele. Não gostei pois não parecia nem um pouco grato por ter uma menina tão encantadora ao seu lado.
Sinto-me constrangido em dizer que observei por muito tempo. Nada daquilo tinha a ver comigo, eu era apenas um homem curioso tentando descobrir o destino de uma garotinha singela.
Dois minutos se passaram após a minha análise profunda do rapaz, até que ele falou. A menina pareceu levar um susto, mas sorria.
Aproximei-me. Precisava ouvi-los. Precisava saber o que se passava.
Não havia mais ninguém por ali naquela noite, conseqüentemente não precisei chegar muito perto para ouvir o que diziam.
Abraçou-o. Lágrimas caíram dos olhos dela. Não foi diferente com ele.
Ao separar dos corpos, o rapaz voltou a sorrir. De repente, os dois gargalhavam.
Não me pergunte o que aconteceu depois. Deixei que o amor deles fluísse, privativamente. Sem espiões.
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