domingo, 22 de novembro de 2009

Alvorada


Ela não desejava esperança. Ela amava a escuridão, a noite... E amava as estrelas que caridosamente contribuíam para o seu brilho. Ela amava a sua companheira lua, que vivazmente exubera-se na noite. Amava os vagalumes brincando entre si, enfeitando o cenário.

Ela não precisava de esperança. Ela tinha a dor e a melancolia para completá-la.

Mas o sol chegou.

A luz clareou sua visão e, quando a relutância se tornou insuficiente para afastar a claridade, ela se rendeu. Ela abriu os braços e sorriu.

Era a luz, o sol que chegava. A primavera se abria em seu coração, e ela não pôde evitar desistir da penumbra. Não era capaz de fugir dos feixes luminosos que agora destacavam-se em seus sorrisos e olhares. O sol tomou-a por inteiro, e ela deixou-se ser iluminada, deixou que o brilho a alcançasse.

Ela não teve escolha. Era a aurora de sua vida. O momento em que todos ao redor dormem serenamente; ela desperta e percebe o sol se erguendo no ar, elevando-se no horizonte. A sua noite sombria acabara.

Ela olhou ao redor e sorriu. A aurora chegara com a primavera. O céu expansivo tomou conta de seu humor, tornando-o sutil e fácil. Era o fim da madrugada, o início da manhã... Ela abriu os braços e, sem medo, sorriu. Para ser feliz.

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